The Night Stalker
Em 1985, Ramírez entrou num frenesi de atos de violência sexual e assassinato, invadindo casas à noite.
Filho caçula, Ricardo
Leyva Muñoz Ramírez era filho de imigrantes mexicanos. Seu pai por muitas
vezes batia nos filhos, Ramírez temia o pai e muitas vezes preferia ficar fora
de casa. Sua mãe era católica e tentava educar os filhos nesse caminho. Na
época em que a mãe de Ramírez o colocou no catecismo, após as aulas de catequese,
ele pesquisava sobre o diabo e desenhava pentagramas no corpo.
Ramírez se
tornou cada vez mais solitário, e aquele garoto que era muito bom na escola, passou
a preferir ficar em fliperamas que frequentar as aulas. Além disso, iniciou
cedo o uso de maconha e execução de furtos, sendo apanhado algumas vezes.
Em sua adolescência,
Ramírez passava o tempo com seu tio/primo “Mike”, que havia servido no Vietnã e
adorava lhe contar os crimes cometidos durante a guerra, particularmente sobre
as mulheres que havia estuprado. Mike também ensinou Ramírez a caçar.
Mike também mostrou
fotos da guerra a Ramírez, dos inimigos que torturou, das pessoas que matou e
das mulheres que estuprou, incluindo aquelas onde primeiro aparecia ele
estuprando uma garota vietnamita e depois outra com a cabeça dela decapitada.
Ele dizia que aquilo fazia dele como se fosse Deus.
Ramírez presenciou
Mike assassinar a própria esposa com um tiro no rosto após uma discussão sobre
a necessidade de Mike arrumar um emprego. Ramírez afirma ter provado do sangue da
mulher e sentiu uma conexão quase mística com o crime. Mike teria se matado
algum tempo depois desse episódio.
Isso teve uma
influência fundamental na vida de Ramírez, que desistiu de uma vez da escola e
passou a se dedicar ao consumo excessivo de maconha, a ouvir heavy metal, principalmente bandas que
fazem referências ao inferno e ao demônio, costuma sempre vestir preto e se envolver em pequenos crimes.
Passou a só se alimentar de junk food
e refrigerantes e deixou que os dentes apodrecessem a tal ponto que seu hálito
se tornou insuportavelmente desagradável.
Com o passar do
tempo Ramírez deixou o Texas e foi viver em Los Angeles. Lá passou de maconha
para cocaína, começou a roubava carros para sobreviver e a ouvir obsessivamente
a música “The Night Prowler”, que
fala sobre um invasor noturno, da sua banda preferida AC/DC, a qual ele usava
uma camiseta quando foi preso e deixou para trás um boné em uma das cenas de
seu crime.
Cumpriu duas
sentenças curtas por roubo de carro e, após cumprir a segunda sentença, cometeu
seu primeiro assassinato.
A vítima foi uma
mulher de 79 anos. Ela dormia em seu apartamento no subúrbio de Los Angeles
quanto Ramírez interrompeu. Ele a estuprou, a esfaqueou até a morte e roubou
suas joias.
Depois de nove
meses, Ramírez atacou uma jovem quando ela entrava em seu apartamento. Ele
estava armado e atirou na jovem, mas a bala foi desviada pelas chaves da vítima
e essa só foi derrubada. Ela então se fez de morta enquanto ele chutava seu
corpo de bruços.
Não satisfeito,
Ramírez entrou no apartamento e encontrou a colega de quarto da jovem,
matando-a com um tiro.
Na mesma noite,
Ramírez encontrou outra vítima, que foi arrancada de seu carro e levou diversos
tiros. Essa morreu no hospital no dia seguinte.
Três dias depois,
Ramírez atacou e abusou sexualmente de uma garota de oito anos, deixando ela
viva.
Uma semana
depois ele atacou um casal. Matou ambos e removeu os olhos da mulher como um
troféu. Esse assassinato despertou em Ramírez uma preferência por atacar
casais.
Seis semanas
depois, Ramírez atacou outro casal. Atirou na cabeça de um senhor de 65 anos e
então espancou e estuprou sua esposa. O senhor teve força de ligar para a
emergência antes de morrer, o que salvou a vida de sua esposa.
Duas semanas
depois, Ramírez estuprou uma mulher de 42 anos depois de amordaçar seu filho de
11 anos e trancá-lo no armário da cozinha. Ambos sobreviveram e a mulher deu a
polícia uma descrição detalhada do agressor.
No dia seguinte
ele atacou duas irmãs de cerca de 80 anos. Ele bateu nelas com um martelo,
desenhou um pentagrama no corpo de uma delas e em todo o apartamento. Foram
encontradas no dia seguinte, uma havia sobrevivido aos ferimentos, porém a
outra estava morta.
Três semanas
depois ele atacou uma mulher de 29 anos, cortando-lhe a garganta.
Dez dias depois
foram feitos outros quatro ataques: duas vítimas mais velhas morreram, as
outras duas jovens sobreviveram.
O alvoroço final:
Em uma única noite, Ramírez matou três vezes e deixou outras duas vítimas
traumatizadas. As duas primeiras vítimas era um casal com cerca de 60 anos,
ambos mortos com tiros.
Na mesma noite
ele arrombou uma casa, matou um homem antes de estuprar e espancar sua esposa,
depois a amarrou e estuprou seu filho de oito anos.
Algum tempo
depois, Ramírez atirou em um casal, sem matá-los. Dois dias depois atacou outro
casal, matando o marido e estuprando a esposa.
Uma força-tarefa
foi estabelecida e a imprensa divulgou a ameaça à comunidade. A reação imediata
de Ramírez foi deixar a cidade, indo para São Francisco, onde atacou suas
próximas vítimas.
Ramírez atacou
outro casal, novamente matando o homem e estuprando a mulher, deixando símbolos
satânicos no local e escrito, com batom “Jack
The Knife”, expressão encontrada na música “The Ripper”, da banda Judas
Priest.
Voltou para Los
Angeles e então atacou pela ultima vez.
Ramírez atacou
um homem de 29 anos que sobreviveu aos tiros e sua parceira, que havia sido
espancada e obrigada a repetir “Eu amo Satanás”, estava viva e reconheceu o
carro que o agressor dirigia, uma perua Toyota. Outro morador local também
havia visto o carro e anotou a placa.
A polícia
encontrou o carro abandonado, porém o dono não voltou a procurá-lo. Impressões
digitais foram encontradas no carro e combinada com o banco de dados de
impressões digitais de Sacramento, identificando Ricardo “Richard” Ramírez, que
batia perfeitamente com as descrições dos sobreviventes de ataques semelhantes:
um homem hispânico, alto, cabelo um pouco grande, vestido de preto, dentes
estragados.
No dia seguinte
a foto de Ramírez estava em todos os jornais de Los Angeles, e ele apenas
descobriu isso quando entrou em uma farmácia e percebeu que todos estavam o
encarando. Ele saiu da loja, tentou roubar um carro, mas foi imediatamente
detido pelos moradores, que estavam furiosos.
Ramírez saiu
correndo dos moradores e tentou roubar outro carro, sem sucesso. Ramírez para
de correr, mostra a língua para seus “perseguidores” e continua correndo. No
quarteirão seguinte, Ramírez é detido e a polícia chega a tempo de evitar que
ele fosse linchado.
Muitos advogados
públicos recusaram o caso e Ramírez confessaria os crimes, mas não o fez por
instruções de sua defesa, dois advogados contratados por sua família. Assim que
tem a oportunidade de falar, Ramírez levanta a mão em audiência e solta um alto
e sonoro “Hail, Satã!”.
Os advogados de
Ramírez fizeram tudo o que puderam para adiar o julgamento o máximo de tempo
possível. Em Julho de 88, apesar dos apelos dos advogados, o julgamento finalmente
teve início. A previsão era de que o julgamento pudesse durar mais de um ano.
Para achar 12
jurados aptos a isto, centenas de pessoas tiveram que ser entrevistadas, o que
levou um bom tempo. Enquanto isto, Richard Ramirez passou a usar óculos escuros
e seu cabelo estava maior.
Durante o
interrogatório, Ramírez adotou uma postura agressiva, exibindo aos fotógrafos
um pentagrama desenhado em sua mão esquerda. Ainda disse a corte: “Vocês,
vermes, me irritam. Eu estou além do bem e do mal”.
Ramírez se
tornou foco de seguidores de um culto. Muitas garotas apareciam todos os dias no
tribunal e brigavam entre si por seus favores.
Sempre iam aos julgamentos, vestidas de preto, somente para vê-lo. Mulheres
de toda a parte do país lhe enviavam cartas, jurando amor incondicional. Nessa
época, uma das fãs de Richard Ramírez foi assassinada pelo namorado, que se suicidou em seguida.
Chegado o dia de anunciar
a decisão do júri, Ramirez saiu de sua cela, fez o tradicional gesto com os
dedos indicador e mínimo (horns up) e
disse: “Mal! Morrer não me assusta, estarei no inferno com Satã!”.
Richard Ramirez
disse à corte: “Vocês não me entendem. E não espero que entendam. Vocês não são
capazes disto. Estou além das experiências de vocês. Estou além do bem e do
mal. Legiões da noite, espécies da noite, não repitam os erros do invasor da
noite e não tenham misericórdia. Eu serei vingado. Lúcifer esteja com vocês.”.
Ramírez foi julgado e condenado, em 1989, após um julgamento de quatro anos, à morte por 13 assassinatos,
5 tentativas de assassinato e 11 estupros e abuso sexuais. Quando ouviu o
veredito, disse: “Grande coisa. A morte sempre veio com o território.” E
voltando-se aos repórteres, disse: “Vejo vocês na Disneylândia”.
Ao chegar na prisão
de San Quentin, perguntou onde estavam as mulheres. Ao avistar uma, fez um
sinal com a mão em comprimento. Ela o chamou de “Assassino!” e então ele
sorriu.
Dorren Lioy, editora
e jornalista de uma revista, fã e seguidora de Ramírez, conseguiu se casar com
ele em Outubro de 1996, após trocarem várias cartas e ele decidir pedi-la em
casamento. Ela considera Ramírez é uma pessoa maravilhosa e encantadora e
afirma que irá se suicidar quando Ramírez for executado. O casamento foi
realizado na Penitenciária de San Quentin, onde Ramírez permanece no corredor
da morte.
Em 2006, a Suprema Corte da Califórnia manteve sua condenação. Um ano depois, a Suprema Corte federal recusou-se a revisar sua sentença. Em 2009, a polícia de San Francisco disse que um teste de DNA comprometeu Ramírez na morte de Mei Leung, uma menina de 9 anos, ocorrida em 10 de abril de 1984.
Richard Ramirez concedeu mais de 100 horas de entrevista a
Philip Carlo, dando origem ao livro “The Night Stalker”, biografia de Ramírez.
Em uma de suas entrevistas, Ramírez afirma: “Nós todos temos em nossas mãos o
poder para matar, mas a maioria das pessoas tem medo de usá-lo. Os que não têm,
controlam a vida.”.
Em 2011 começou a ser produzido um filme sobre Richard Ramirez, intitulado
“The Night Stalker”. O filme será baseado no livro de Philip Carlo e será
dirigido pelo ator James Franco, que também interpretará Ramírez.
O roteiro é de Nicolas
Constantine, que produz o filme ao lado do vocalista do Soundgarden, Chris Cornell. "Phil
Carlo pintou um sensacional retrato de Richard Ramirez, o ser humano, e foi
isso que nos chamou a atenção. Não é um filme de horror, nem glorifica
Ramirez", disse Constantine ao jornal NY Post.
ATUALIZAÇÃO de 16.06.2013
R.I.P. (ou não) Night Stalker
Richard Ramírez morreu na manhã do dia 07/06/2013, aos 53 anos, na cadeia na Califórnia, enquanto aguardava execução na fila do corredor da morte, que está parada há anos. Segundo as autoridades, Ramírez morreu de causas naturais. Porém não deram detalhes sobre a morte.
"A morte de Richard Ramirez hoje na prisão fecha um capítulo negro na história de Los Angeles. Não podemos nos esquecer das vítimas que sofreram nas mãos dele e nem das famílias destas vítimas que ainda sofrem com a perda de seus entes queridos." - Charlie Beck, chefe de polícia de Los Angeles
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