Matou por lucro uma família
inteira de 8 pessoas. A população era realmente sortuda por tê-lo pego no
início de sua carreira assassina. Aos 22 anos, era provável que ele iniciaria
uma longa carreira de homicídios por lucro.
QUEM ERA E O QUE MOTIVOU
JEAN-BAPTISTE TROPPMAN
Jean-Baptiste Troppmann, nascido
em Brunstatt (Haut-Rhin) em 5 outubro 1849 e guilhotinado em Paris em 19
janeiro 1870, foi um mecânico, considerado culpado do assassinato de oito
membros de uma família.
Jean-Baptiste Troppmann tinha
onze anos quando seus pais se mudaram para Cernay perto Thann no Haut-Rhin.
Criança de estrutura frágil, mas de energia incomum, inteligente, mas
introvertido.
Trabalhou como mecânico na
oficina de seu pai, Joseph, que dirigia a empresa de pequeno porte “Troppmann
Kambly”. O pai inventou engenhosidades e detinha várias patentes relacionadas
com a melhoria de diversos materiais para a fiação. O futuro do menino parecia
desenhado.
Infelizmente, Joseph Troppmann,
permanentemente sob a influência de álcool, criou grandes dívidas e comprometeu
o futuro de sua empresa. Sem dúvida, isso afetou o espírito do filho que
continuou a ser calado, arredio e perdido em pensamentos: "Eu vou fazer
algo que vai surpreender o mundo". Como Jean-Baptiste já havia entendido
que o negócio do pai nunca viveria até sua ambição, quando ele se digna a falar
é a ganância que o guia.
De acordo com testemunhos
recolhidos, ele se alimentava da leitura de fatos sensacionais e mórbidos,
relativos a atos criminosos. Ao mesmo tempo, nutria a paixão pela química e
instalou um pequeno laboratório, que ocupava mais tempo do que o necessário.
No final de 1868, ele se mudou
para a capital para instalar novas máquinas vendidas pelo pai a um industrial
parisiense. Foi para um alojamento em Pantin, Quatre-Chemins, onde ficou até
maio do próximo ano.
Pouco tempo depois, ele está em
Roubaix para uma segunda instalação que lhe permite conhecer a família Kinck. Para
um jovem de 20 anos, Kinck era um modelo no negócio: com força, seriedade e habilidade.
Ele passou de operário à supervisor e então à dono de uma bela propriedade que estava
a prosperar.
Jean Kinck sonhava completar uma
grande fortuna antes de ir para seu país natal. Jean-Baptiste Troppmann, por
sua vez, ansioso para ter sucesso e para alcançar a carreira de seu novo amigo.
O primeiro é atraído pelo dinheiro, mas tem uma vida ordenada. O outro é
ganancioso e sem escrúpulos.
Jean-Baptiste não era um rapaz
particularmente amigável, mas sua atitude indiferente, o sotaque da Alsácia
forte quase caricaturado e sua falta de emoção davam-lhe o "ar de
homem" e pensamento capaz de inspirar confiança.
Todo o sucesso de Jean Kinck,
acima de tudo, devido à imaginação de Jean-Baptiste, o faz embarcar em seu
delírio de uma fortuna fácil e o motiva a planejar o massacre quase perfeito,
não fosse a descoberta dos corpos do pai e o filho mais velho da família Kinck.
A Tragédia de Pantin: O Massacre da Família Kinck
Paris ficou horrorizada quando os
corpos mutilado de uma mulher de 40 anos e grávida de seis meses e seus cinco
filhos, de 2, 6, 8, 10 e 13 anos, foram encontrados enterrados perto da estação
de Pantin Common, a uma curta distância de Paris. Os corpos foram reconhecidos
como o da esposa e filhos de Jean Kinck.
A família Kinck era constituída
por Jean Kinck, um sua esposa Hortense Rouselle, cinco filhos fruto da união do
casal e Gustave, filho de Jean com sua ex-mulher. Jean Kinck era um fabricante, trabalhador e
econômico, que tinha acumulado cerca de 800 mil francos, uma pequena fortuna
para seu estilo de vida.
A família vivia em perfeita
harmonia e passava a impressão de não possuir desonras ou defeitos morais. A
única discordância entre o casal surgiu quando Jean Kinck desejou mudar o local
em que viviam, ou talvez apenas parte de seu negócio, para "Vallon
d'Alsace", seu local de origem.
Um mês antes dessa decisão, Jean
Kinck conheceu um jovem chamado Jean-Baptiste Troppmann, que trabalhou em seu
estabelecimento e se tornou íntimo de sua família. Jean-Baptiste tinha 19 anos,
era pequeno e magro, mas dotado de uma força extraordinária e ousada. Havia saído
de casa há cerca de sete ou oito meses. Ele viveu e trabalhou em Pantin e se
familiarizou com alguns dos alemães que tinham estabelecido uma espécie de
colônia no bairro.
Dez dias ou mais após a estada de
Jean-Baptiste com os Kincks, ele e Jean Kinck planejaram uma operação de
falsificação. Os dois viajaram para Guebwiller a procura de um local para
imprimir o dinheiro, mas Jean Kincks nunca chegou. Jean-Baptiste deu a seu
parceiro uma dose letal de ácido prússico misturado ao vinho.
Um mês depois, Gustave seguiu
sentido o mesmo destino, chegando em Guebwiller no dia 08 de setembro. Ficou
surpreso ao ouvir dos parentes de seu pai que Jean Kinck não estava e nunca esteve
por lá.
Seguindo às instruções que ela
acreditava ser de seu marido, Hortense Rouselle tinha enviado três cartas
registradas contendo o valor de 5.500 francos, e estas cartas tinham sido
entregues por um jovem, evidentemente Jean-Baptiste, que as deu a si mesmo, no
lugar de Jean Kinck.
No mês seguinte, quando Jean
Kinck possivelmente já havia sido assassinado, Hortense Rouselle recebeu cartas
que pareciam ser de seu marido - escritas por uma caligrafia estranha, que foi justificada
por Jean Kinck ter torcido o pulso - convidando-a para ir a Paris, onde ele pretendia
estabelecer-se, em Pantin.
Hortense Rouselle mandou um
telegrama dizendo que não poderia ir naquela segunda-feira, e viajou para Paris
no domingo, dia 19. Três dias antes, Gustave, que estava em Guebwiller, recebeu
também um telegrama em nome de seu pai, o instruindo a ir para Paris e
encontrá-lo no Hotel du Nord.
Jean-Baptiste já estava
estabelecido naquele hotel desde o dia 13, em um quarto alugado em nome de Jean
Kinck, dessa forma Jean-Baptiste, que já tinha se livrado de Jean Kinck,
conseguiu se reunir com todos os membros da família Kinck no Hotel du Nord em
Pantin.
O ardil empenho de Jean-Baptiste em
planejar aquele golpe, sugere que ele tenha seduzido Gustave para que fossem ao
campo onde seu corpo foi posteriormente encontrado. Não restam dúvidas de que
Gustave foi assassinado em local diferente e uma hora antes do que os outros
seis membros restante da família Kinck.
Às 11 horas, Jean-Baptiste recebeu
Hortense Rouselle e seus cinco filhos na estação de Pantin, levando-os para um lugar
em que já havia cavado a sepultura, lugar esse onde Jean-Baptiste matou e
enterrou Hortense Rouselle e seus cinco filhos.
Acredita-se que Jean-Baptiste não
tenha trabalhado sozinho em por seus planos na prática. Jean-Baptiste havia
comprado uma pá e uma picareta na Rua de La Flandre, em La Villette, porém
outros dois instrumentos similares foram encontrados no local. Além disso, Jean-Baptiste
foi visto caminhando em direção ao campo onde foram feitos os ataques na
companhia de um homem notável por sua aparência atlética e mãos enormes.
Se Jean-Baptiste tinha cúmplices
-ele mal podia, por mais forte que fosse, despachar tantas vítimas sozinho- ele
deve ter procurado entre os personagens ruins, com quem ele havia se encontrado
naquela localidade. Mesmo com qualquer ajuda que ele possa ter necessitado para
matar as vítimas, não há dúvidas de que Jean-Baptiste planejou e realizou todo
o restante de seu plano bem sucedido sozinho.
Jean Kinck estava morto na
Alsácia, enquanto toda a sua família foi enterrada em Pantin. Jean-Baptiste pegou
os relógios de Gustave e Jean Kinck, com todos os papéis da família e um selo
que tinha sido gravado um mês antes com as palavras "Gustave Kinck,
mécanicien, Rue de l ' Alouette, à Roubaix ". Foi para Havre, onde embarcaria
para Nova York.
Os corpos foram horrivelmente
feridos e mutilados. Hortense Rouselle tinha mais de 23 ferimentos distintos. Os
ferimentos que provocaram a morte de Gustave eram do mesmo caráter dos que
mataram seus irmãos e irmã. A parte traseira de sua cabeça foi esmagada com um
golpe de picareta, uma ferida na qual podia facilmente mergulhar seus dois
punhos cerrados, sua garganta foi cortada de orelha a orelha, quase que decapitada,
com uma faca de mesa comum, com cabo preto, mas altamente afiada.
Hortense Rouselle no meio de dois de seus filhos
Outros três filhos de Jean Kinck
Poucas horas após o assassinato, Jean-Baptiste
escreveu uma carta a sua irmã, anexando 20 francos, o que ele dizia ser frutos
de seu “affaire” ao qual já havia citado em cartas enviadas posteriormente aos
pais, informando que lhe renderia uma grande quantia em dinheiro e assegurando,
carinhosamente que lhe dava grande prazer, não só por contra própria, mas
também porque lhe permitira aliviar as necessidades de sua mãe doente.
Jean-Baptiste ouviu o relato da
descoberta dos corpos da mãe e os cinco filhos após ler, em voz alta, os
jornais. Ele também soube, que pai e filho, ambos inexplicavelmente
desaparecidos, eram suspeitos de serem os autores do crime. Aquelas informações
o fizeram sentir segurança de que não iria para a prisão.
Publicação no jornal sobre o assassinato da família Kinck
Quando Jean-Baptiste foi
capturado em Havre, ele declarou que Jean Kinck e Gustave o teriam induzido a
ajudá-los, mas que eles eram os assassinos. Declarou ainda que recebeu Gustave
em Paris e esse lhe informou que os assassinatos haviam sido descobertos e que
Jean Kinck havia lhe confiado os documentos valiosos que estavam com sua
esposa.
O que Jean-Baptiste desconhecia
era a descoberta do corpo de Gustave, que foi encontrado próximo ao local onde Hortense
Rouselle e seus filhos foram encontrados. Em completa ignorância sobre o que
estava preste a testemunhar, Jean-Baptiste foi levado a encontro de Gustave. O
cenário foi demais para ele, que cobriu os olhos com as mãos, depois com um
lenço e quase desmaiou.
"Oh, pobre!" enfim, ele
murmurou.
"Venha", disse o
oficial, "tire esse lenço e olhe para o corpo. Você não tem nenhuma
necessidade de fingir chorar sobre ele. Você pode reconhecer o cadáver?"
"Sim, eu posso. É
Gustave."
"E foi você quem o matou,
não foi?"
"Não, não, eu não, seu pai
deve tê-lo matado por medo de que sua juventude e sua consciência poderiam
levá-lo a falar sobre o crime que haviam cometido.."
"Bem, vamos ver sobre
isso", respondeu o oficial, "mas você sabe que não posso acreditar em
sua palavra."
"Oh! Se eu pudesse estar em
seu lugar!"
"Em que lugar?"
Jean-Baptiste não respondeu a
esta pergunta.
"Responde-me?"
Mas nenhuma resposta veio. Em
seguida, o oficial tentou outra tática.
"Você escreveu para seu
pai?"
"Sim."
"Sua última carta foi na
segunda-feira, dia 20?"
"Provavelmente."
"No dia do
assassinato?"
Nenhuma resposta.
"E você mandou um monte de
dinheiro naquele dia, não é?"
Nenhuma resposta.
"Mas você tem que me
responder!"
"Bem, eu fiz. Agora não me
faça outra pergunta, porque eu não vou falar mais nada."
A polícia continuou a interrogar
Jean-Baptiste até que ele confessou tudo. “Eu matei o pai. Para obter o
dinheiro que ele tinha em posse no banco que consegui copiando a sua
assinatura. Depois de assassiná-lo, era uma questão de necessidade matar o
resto de sua família, uma vez que todos sabiam que Kinck tinha ido comigo.”
O objetivo de Jean-Baptiste é
bastante evidente. Ele pretendia tomar posse de toda a propriedade da família
Kinck e relatar que a família havia ido para a América para voltar dentro de
alguns anos com todos os papéis da família que ele havia garantido, para
reclamar a propriedade.
Jean-Baptiste não tinha remorsos
sobre as vidas que ele estava prestes a sacrificar, seus únicos pensamentos
eram sobre a forma como ele colocaria em prática o plano traçado por meses:
Matar Jean Kinck, assegurar o dinheiro enviado por sua esposa e, finalmente,
criar uma formas para que toda a família fosse atraída para suas armadilhas,
matando-os um a um. Ele ainda se alegra de ter obtido sucesso nesse caso
próspero, pois este lhe capacitou a ajudar seus pais.
Foi discutido por algum tempo os
motivos que levaram Jean-Baptiste optar pelo assassinado ao invés da
falsificação, roubo ou outros métodos menos desesperados para conseguir
dinheiro ou a propriedade de outras pessoas.
Especulou-se que ele tenha se
sentido envolvido ao ler Mystères de Paris e os Errant Juif, ficando
particularmente impressionado com o caráter do Abbé Rodin, um jesuíta que,
entre outras façanhas, feito o seu caminho para a herança dos Renneponts assassinando
numerosos membros da família. Acredita-se que isso Jean-Baptiste, fazendo-o
achar que poderia imitar o romance e exterminar a família Kinck, para chegar à
sua pequena fortuna.
Julgamento
O julgamento de Jean-Baptiste
Troppman começou em 28 de Dezembro de 1869. A galeria estava lotada de
espectadores, incluindo políticos, artesãos e nobres. Jean-Baptiste foi
representado pelo notável advogado Charles-Alexandre Lachaud, que tentou
retratar seu cliente como um fraco, valete inocente que sofria de uma mente
doente.
Por sua parte, Jean-Baptiste persistiu
na afirmação de que tinha cúmplices, o que deu origem à teoria de que os
agentes prussianos estavam por trás dos assassinatos. Simpatizantes de
esquerda acusou o imperador de pagar Jean-Baptiste para assassinar a família
Kinck, afim de desviar a atenção do público para longe das fortunas do Segundo
Império. Ambas as teorias não eram nada mais do que suposições infundadas.
Jean-Baptiste Troppmann foi
considerado culpado e condenado a guilhotina. Sua execução foi realizada na Place
de la Roquette, na manhã de 19 de janeiro de 1870, perante uma multidão.
No momento em que a guilhotina caiu, Jean-Baptiste mordeu o dedo de seu
carrasco.
Ilustração da execução de Jean-Baptiste Troppmann
Ilustração da execução de Jean-Baptiste Troppmann
Ilustração da execução de Jean-Baptiste Troppmann
Moldagem em cera da mão
Jean-Baptiste Troppmann.
O original está exposto no Musée de la Préfecture de Police, na França.
Assinatura e moldagem em cera da mão Jean-Baptiste Troppmann.
O original está exposto no Musée de la Préfecture de Police, na França.
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